sábado, 20 de setembro de 2008

O PODER DO PERDÃO

O PODER DO PERDÃO


mas o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens, como diz o profeta: O céu é meu trono, e a terra o escabelo dos meus pés. Que casa me edificareis, diz o Senhor, ou qual o lugar do meu repouso? Não fez, porventura, a minha mão todas estas coisas? Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; como o fizeram os vossos pais, assim também vós. A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? Até mataram os que dantes anunciaram a vinda do Justo, do qual vós agora vos tornastes traidores e homicidas, vós, que recebestes a lei por ordenação dos anjos, e não a guardastes. Ouvindo eles isto, enfureciam-se em seus corações, e rangiam os dentes contra Estêvão. Mas ele, cheio do Espírito Santo, fitando os olhos no céu, viu a glória de Deus, e Jesus em pé à direita de Deus, e disse: Eis que vejo os céus abertos, e o Filho do homem em pé à direita de Deus. Então eles gritaram com grande voz, taparam os ouvidos, e arremeteram unânimes contra ele e, lançando-o fora da cidade o apedrejavam. E as testemunhas depuseram as suas vestes aos pés de um mancebo chamado Saulo. Apedrejavam, pois, a Estêvão que orando, dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito. E pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. Tendo dito isto, adormeceu. E Saulo consentia na sua morte. Atos 7:48-60


Importante é observar na mencionada passagem que Estevão viu a glória de Cristo enquanto era apedrejado - isto é num momento de intenso incômodo e sofrimento na carne. Apesar de qualquer da dor que lhe causavam clamou ao Senhor que ELE perdoasse o pecado dos agressores.

Notório é que para agir desta forma Estevão adquiriu uma maturidade espiritual devido à comunhão com DEUS - nem mesmo as dores físicas e a humilhação lhe eram incômodas, o que o fez ignorar a dor antes da morte para ainda interceder pelo pecado dos que o estavam machucando.

Interessante ressaltar a visão de Estevão já totalmente contrária à visão do homem natural, que atende compulsoriamente seus próprios interesses. Ao invés de abrir mão de si mesmo, poderia ter pleiteado ao PAI o alívio de sua própria dor, e que as pessoas parassem de agredi-lo e fossem embora para que continuasse sua vida sem maiores transtornos. Ao contrário, ele não foi egoísta, mas pediu perdão pelos outros após ver a glória de Deus – conforme Jesus em Lucas 23:33-34
Quando chegaram ao lugar chamado Caveira, ali o crucificaram, a ele e também aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda. Jesus, porém, dizia: Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem. Então repartiram as vestes dele, deitando sortes sobre elas.

Jesus no momento de aflição da cruz orou ao DEUS PAI pedindo perdão pelas pessoas que não tinham consciência do que faziam, isto é, Jesus JUSTIFICAVA pelo seu sangue o pecado alheio. Cabe ao homem reconhecer a imensidão desta bênção e viver a vida que ELE nos concedeu nos incluindo em tal morte e ressurreição.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

A ESCOLA DO SENHOR I

A ESCOLA DO SENHOR I

E ele o quebrará como se quebra o vaso do oleiro e, quebrando-o, não se compadecerá; de modo que não se achará entre os seus pedaços um caco para tomar fogo do lar, ou tirar água da poça. Is 30:14

Começo da vida cristã, a regeneração.Geralmente estes momentos iniciais são marcados por uma demasiada euforia oriunda da novidade da vida de Cristo em nós. Neste início geralmente somos como deveríamos ser por toda nossa vida cristã neste planeta, dependentes de Deus, alegres e com pouco ou nenhum medo das coisas em geral.
Christian Chen define bem esses momentos iniciais:
“a princípio por causa da nossa fraqueza e desconhecimento da palavra o Senhor concede a Sua presença e o recém-convertido a desfruta. Porém, se vier a tornar-se dependente desta sensação, esta pessoa amará mais a sensação do que o próprio Senhor.”
Após estes momentos iniciais da carreira cristã alguns irmãos passam por um processo que S. João da Cruz chamou de noite escura da alma. O próprio Christian Chen continua o texto citado dizendo:
“às vezes passamos por um período semelhante a um túnel escuro, é como se o Senhor nos conduzisse por este túnel, não sentimos nada.”
Este processo é a escola do Senhor para nós, pois é exatamente aqui que começa o trabalho de Deus em nos moldar, pois Ele nunca começa construindo mas sempre destruindo, primeiro Ele acaba com o que não presta (nós) para podermos refletir de fato Sua vida e isto não por uma empolgação sensória, algo tátil, mas apenas pela certeza da fé.

Como se dá isso?
Neste processo Deus normalmente começa na ferida, onde dói mais, naquilo que nos dá a sensação de estarmos nos afogando e não há solução que nos permita respirar.
E ele o quebrará como se quebra o vaso do oleiro e, quebrando-o, não se compadecerá; de modo que não se achará entre os seus pedaços um caco para tomar fogo do lar, ou tirar água da poça. Is 30:14
Começa com uma sensação de vazio, não se repara a presença de Deus apesar dEle nunca nos abandonar. Quando isto começa nos oramos, nos confessamos, questionamos, por que, por que disso tudo? Pensamos que é algum atrito ou pecado não colocado diante do trono divino, pedimos perdão para nossos irmãos pelas menores e maiores coisas possíveis e pensamos que vai ficar tudo bem, mas nada acontece, na verdade tudo piora. Quando achamos que não tem mais nada para piorar algo mais trágico acontece. Aqui muitas vezes já nos afastamos de Deus, nos tornamos sarcásticos, irônicos, pessimistas. Tomamos atitudes conscientemente equivocadas com um intuito subentendido de “colocar Deus contra a parede”, quer dizer, “senão fizer isso que eu peço, peco com este corpo e vida que o Senhor salvou com tanto amor e sacrifício”. Infelizmente isto é tão ridículo quanto comum, apesar de ser uma atitude bem idiota.

Então fica a pergunta, o que devemos fazer?
Nada, pois estas trevas, esta escuridão é colocada por Deus e somente Ele pode dissipar no Seu tempo.
Quando andar em trevas, e não tiver luz nenhuma, confie no nome do SENHOR, e firme-se sobre o seu Deus. Is 50:10
Em outra versão também muito elucidativa é colocado assim
aqueles que caminham no escuro, privados de luz, confiem no nome do Senhor e contem com o seu Deus Is 50:10
Nenhuma trevas é mais tenebrosa do que esta, estas trevas não são resolvidas com uma repreensão divina como as que são colocadas por satanás. Essas trevas só podem ser dissipadas por Ele mesmo e somente quando acabarem a obra destinada a cumprirem. Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la Fil 1:6. Deus nunca desiste de nós, nenhum filho de Deus passa sem que Deus se faça entendido.

O máximo que podemos fazer é buscar e perseverar e procurar manter a alma quieta diante de Deus e confiante, Is 50:10 diz o que ocorre e dá a receita confiem no nome do Senhor e contem com o seu Deus. O próprio São João da Cruz dizia que quem está fazendo isto já está fazendo muita coisa e quem tenta fazer algo por si só está perdendo tempo.

Alguém também pode perguntar, mas por que disto, é necessário tudo isto?
Porque provavelmente é o único jeito que temos de enxergar e viver uma vida em Cristo mais plena. Não é questão de falta de poder de Deus em fazer de outro jeito, mas sim questão de coerência: Deus puro, maravilhoso e lindo não pode dividir espaço com a podridão do meu achismo medíocre e hipócrita. Neste processo Deus limpa coisas escondidas no fundo da nossa alma, Ele destrói tudo aquilo que não presta, não é apenas uma correção, mas sim uma substituição de vida plena. Jader C. M. dizia que um prédio para ser bem construído tem que primeiro ser todo demolido o antigo para que se faça um perfeito totalmente novo.

A insistência pode continuar, mas precisamos disto tudo?
Agostinho de Hipona disse: somente melhoro quando com gemidos interiores e desgostoso de mim mesmo invoco Tua misericórdia até que seja sanada minha indigência e até alcançar aquela paz que o coração soberbo desconhece.
Nunca cheio de nós mesmos podemos ir bem, Agostinho continua:
Quando confessamos nossas misérias e reconhecemos tua misericórdia para conosco manifestamos o nosso amor por ti, afim de que leves a termo a libertação que iniciaste, e deixando de ser infelizes em nós, sejamos felizes em ti.
Nunca podemos prosseguir cheios de nós mesmos, ele ainda completa:
Quando confessamos nossas misérias e reconhecemos tua misericórdia para conosco, manifestamos o nosso amor por ti, a fim de que leves a termo a libertação que iniciaste, e deixando de ser infelizes em nós, sejamos felizes em ti

Perguntar é normal, até mesmo Jesus no auge do seu sofrimento indagou “Deus meu Deus meu por que me desamparaste”Mt 27:46, porém a resposta não foi oral e sim prática, Deus não respondeu com palavras mas sim com uma cruz e muitas vezes é esta a resposta que Ele tem para nós, uma cruz, cruz de aparente derrota, mas que nos leva a vitória, a coroa em Cristo Jesus.

Há de se considerar também que numa perspectiva bíblica só produzimos vida no próximo através dos nossos sofrimentos, o Pablo bem observa que o irmão que já passou por muitas provas tem uma experiência totalmente diferente e uma capacidade de produzir vida, de abençoar o próximo com seu exemplo bem superior daquele irmão não menos importante porém menos calejado deste tratamento de Deus que exalta Cristo em nós.

Em suma Deus não abdica de revelar-Se e de nos tornar dependentes da Sua vontade, o não mais eu, mas Cristo é um processo único no espírito, mas diário na alma. Este processo é para ser vivido por fé, que também não é um sentimento, mas a base de um relacionamento com uma Pessoa.
Winkie Pratney definiu bem o que é fé:
“a fé não é algo a que nos agarramos, mas alguém que nos segura”

Que possamos perseverar e passar com alegria pela escola do Senhor