segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

AS EXPECTATIVAS II

AS EXPECTATIVAS II

Cessou para sempre a sua benignidade? Acabou-se já a promessa de geração em geração?Salmo 77:8

Outra coisa que mexe muito com nossa comunhão é nossa expectativa com Deus. Geralmente somos muito desconfiados de Deus. Eu fico vendo alguns exemplos bíblicos muito claros. O filho mais novo da parábola do filho pródigo, o que ele pensa antes de voltar para casa? “Vou pedir para o meu pai para voltar como um dos seus empregados”(Luc 15:19). Ele era filho, se ele voltasse na condição que imaginou não era o perdão do pai, era o perdão dele, a expectativa dele era que o pai o perdoaria como ele perdoaria se a situação fosse oposta.
Geralmente esperamos do próximo a atitude que nós tomaríamos naquela posição. Isto é motivo tanto para nos decepcionarmos, mas como também subestimarmos e neste último caso principalmente subestimarmos o amor divino. Com o ser humano já é errado fazer isto, mas com Deus é o cúmulo da idiotice (que por sinal eu faço).
Nós vamos nos decepcionando e/ou passando pela escola do Senhor e vamos vendo a realidade dos nossos corações. Asafe é um bom exemplo, zeloso servo do Senhor chegou ao esgotamento como é declarado em alguns dos seus salmos: “em vão tenho purificado meu coração”Salmo 73:13. Ele mesmo declara seu fatalismo Cessou para sempre a sua benignidade? Acabou-se já a promessa de geração em geração?”Salmo 77:8. Asafe queria servir a Deus na sua força, porém Deus não aceita isto e também por este caminho é impossível alcançar o sucesso na obra. George Muller recusado no exército na sua juventude por questões físicas terminou sua vida viajando o mundo inteiro de barco, pregando mais de 300/cultos ano, lendo a Bíblia inteira mais de 5vezes/ano e quando perguntado sobre o sucesso do seu ministério disse: “veio um dia em que eu morri, morri completamente, morri para George Muller, suas opiniões, preferências, gostos e vontade; morri para o mundo – sua aprovação ou censura; morri para a censura ou aprovação até dos meus irmãos e amigos e, desde aquele dia, tenho-me esforçado somente para me apresentar diante de Deus aprovado.” É muito claro hoje quando alguém faz algo na sua força ou na de Deus, Paulo declara sobre seu ministério: ..antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus, que está comigo.”I Cor 15:10b. Quando se faz na força de Asafe o resultado é sempre igual ao de Asafe: esgotamento, fatalismo e consequente fracasso. Na força de Paulo o resultado é sempre o mesmo “Desde agora, a coroa da justiça me está guardada...”II Tim 4:8
Outro exemplo bíblico clássico é o de Pedro, ele disse para Jesus: “o Senhor não pode lavar meus pés”Jo 13:8. Pedro mensurava que se estivesse na posição de Deus, na posição de todo poderoso nunca lavaria os pés de alguém menor que ele próprio, ele (erroneamente) transferiu para Jesus a atitude que ele mesmo teria se fosse o próprio Messias! Ele pegou Deus e construiu na mente um modelo de como Deus deveria ser, baseado em seus conceitos, em seus limites de amor, de humildade, de solidariedade.
É incrível que isto não seja exclusivo de Pedro, como eu mesmo faço isto constantemente, como por vezes é difícil entender que Deus nos ama, que está muito feliz de nos ter salvo, independente do que façamos. Para entender um pouco do coração de Jesus vamos ver Isaías 42:3.

A cana trilhada não quebrará, nem apagará o pavio que fumega; com verdade trará justiça.
Naquela época as crianças gostavam de sentar-se às margens dos rios e tirar o miolo das canas, a fim de fazer flautinhas musicais, se errassem na confecção elas desprezavam no rio a cana e tentavam de novo com outro pedaço de tantos que havia na margem do rio. Como disse Malcom Smith:
Cristo se caracteriza como a Pessoa que nunca jogaria fora aqueles que fossem esmagados no próprio manuseio.

As casas dos israelitas da época do AT eram iluminadas por lamparinas com óleo como combustível da luz. Se o óleo da lamparina acabasse o mau cheiro do linho do pavio queimado causaria náusea e era jogado fora. Malcom Smith também responde a esta questão:
Isaías disse que Jesus, quando viesse, não apagaria a torcida que fumega. Ele não se livraria daqueles que se viram queimados pela vida.
O pavio(torcida) inutilizado jamais seria descartado pelo Senhor. Aquilo que é descartado pelo homem é convidado para as bodas do Cordeiro. Bota o manto da honra, o anel que indica que você é da família e a sandália que mostra sua nobreza. Apesar das atitudes contrárias aos olhos de Deus (e não aos nossos) é assim que Deus trata seus pavios apagados que dão náusea e suas canas quebradas. Se eu fosse o pai do filho pródigo certamente teria uma atitude mais farisaica, porém esta é a minha expectativa e não a de Deus, Ele é amor.
Que possamos tomar cuidado em como vemos Deus, que não tenhamos a expectativa que Ele terá uma atitude conforme a nossa mente e que possamos enxergá-Lo como Ele é de fato.
Encerro com um texto de Brennan Manning, duríssimo, mas de uma verdade absoluta.
Que todas as suas expectativas se frustrem, todos os seus planos
fracassem, todos os seus desejos dêem em nada, para que você
experimente a fragilidade e a humildade de uma criança e cante
e dance no amor de Deus, que é Pai, Filho e Espírito. E hoje,
no planeta Terra, que você possa experimentar a maravilha e
a beleza de si mesmo como filho de Aba e como templo do
Espírito Santo, por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

AS EXPECTATIVAS I

AS EXPECTATIVAS I

Todavia aguardando eu o bem, então me veio o mal, esperando eu a luz, veio a escuridão. Jo 30:26

Jó era um homem de conduta irretocável, obviamente cria que tudo ia dar certo. Qualquer pessoa idônea perante a sociedade sempre espera que boas coisas sejam as conseqüências de tudo quanto fazem. Qualquer um no contexto de Jó pensaria a mesma coisa. Com certeza ele tinha planos relacionados aos seus bens, seus filhos...Porém esta era a perspectiva de Jó e não de Deus. Por vezes oramos e pedimos a Deus algumas coisas, que nos abençoe em nossos caminhos, mas quando isto acontece, quando fazemos nossos planos mesmo que altamente bem intencionados, ainda há uma grande chance dEle utilizar isto para nos frustar. Por que? Para que vejamos quem realmente somos e em que estamos firmados. Será que cremos que o Deus que se rebaixou a nós e se entregou deixaria-nos na mão? Podemos responder que não, mas nossas atitudes podem falar oura coisa. Malcom Smith faz uma observação interessante.
“As épocas difíceis são a prova de nossa fé. Quando as evidências indicam que Deus está ausente a fé enxerga além das circunstâncias e regozija-se com Deus”

Aqui há uma divisão de nível de maturidade.
No momento que Deus frustra ou não permite pela Sua mão que ama que aconteça algo que você vê que é bom e que de fato realmente pode ser bom a pergunta é você dá amém, você aceita de bom coração o desígnio daquEle que amou primeiro?
Quanto tempo demora para me recuperar de algo que me frustou?
A partir deste momento quando você vê claramente que Deus não permitiu que algo aparentemente bom não ocorreu você dá amém?
Pouco tempo atrás eu passei uma das épocas mais escuras da minha vida, tudo deu milagrosamente errado e de forma avassaladora.
Depois disso ficou martelando na minha mente o testemunho do irmão Cezar quando Deus pergunta se ele iria deixá-Lo. A resposta do irmão resulta no lindo cântico com o refrão Não te deixo Senhor, tu és o primeiro...
Fiquei pensando e se o Senhor falasse pra mim isto?
Eu ia conseguir dar a reposta que ele deu (de coração)?
Eu iria falar de todo meu ser “não te deixo, não importa o que Senhor faz, importa o que já fez através de Cristo e isto é suficiente pra mim."
Será que eu ia conseguir falar isto crendo que o futuro é bom não importa o que as circunstâncias mostrem?

Eu sou uma pessoa extremamente fatalista, distoando da vida cristã que tenho sempre penso o pior. Minhas expectativas geralmente não conferem com a vida que há dentro de mim. Minha prima volta e meia brinca comigo com uma frase que digo “cuidado que sempre dá para piorar”. Algumas vezes digo isto no sentido de tomarmos cuidado com acharmos que aquilo acabou quando Deus pode ainda ter algo a tratar a tratar naquela situação. Porém verificando meu coração vejo que isto não é bem assim. Outro dia na internet achei a seguinte frase “não há nada na vida tão desgraçado que não possa piorar”. Ela é de um filósofo alemão chamado Arthur Schopenhauer, filósofo alemão conhecido por ser pessimista e alguns dizem até que era ateu, enfim vi que minha linha de raciocínio era a de alguém com a natureza extremamente oposta da minha! E nem bonito que nem ele eu falava!!
Comentei com o Senhor “tá errado né Senhor, preciso aceitar”. Hoje creio que a forma de aceitar é o que vai diferenciar nossa experiência cristã. No versículo abaixo de Jó 30:26 após mostrar a frustação da sua expectativa ele comenta como a aceitou:

As minhas entranhas fervem e não estão quietas; os dias da aflição me surpreendem. Jo 30:27

Em outra versão na primeira parte diz "o meu íntimo se agita sem cessar". Jó não teve no coração o “aquietai-vos e sabei que eu sou Deus” do Salmo 46. A palavra mostra que Jó cria em si mesmo, quando apertado ele mostrou o valor da sua fé . No capítulo 27 ele mostra bem quem ele de fato era e grandeza do equívoco da sua auto-justiça.

Não falarão os meus lábios iniqüidade, nem a minha língua pronunciará engano. Longe de mim que eu vos justifique; até que eu expire, nunca apartarei de mim a minha integridade. Jo 27:4,5

Eu, meu, minha, mim, eu... Vemos um contraste muito grande com a atitude de Josafá que quando teve medo, pôs-se a buscar o Senhor (II Cron 20:3). O nível de maturidade está na soma da atitude de Josafá e como se aceita o que acontece, José talvez seja um dos melhores exemplo bíblico (com excessão do próprio Senhor). Sofreu todo tipo de injustiça, foi preso injustamente, esquecido, traído.... e sempre aceitou olhando firme para o Senhor. Nosso problema é que queremos chegar na posição de José de senhor do povo sem passar pela desconstrução que José passou.